O ego precisa ser reconhecido. A indiferença é a pior coisa pra ele. 
As crianças, desde bem pequenas, já demonstram essa necessidade. Querem 
ser vistas e ouvidas pelos adultos. Adoram receber atenção. Quer ver uma
 criança feliz? Dê atenção para ela. Converse sobre as coisas do seu 
mundo infantil, pergunte sobre sua vida, brinque com ela.
Quando não damos esse tipo de atenção e reconhecimento positivo à 
criança, ela irá buscar de uma forma negativa. E isso acontece da 
seguinte forma. Muitas vezes os adultos deixam de dar atenção e de 
elogiar as crianças, o que seria uma forma positiva de reconhecimento. 
Entretanto, quando a criança age de uma forma indesejada, ela logo 
recebe uma crítica. A crítica é uma forma de atenção negativa, mas ainda
 assim é um tipo de reconhecimento. O adulto está interagindo com a 
criança, está reconhecendo sua existência, mesmo que de forma 
desagradável. Entretanto, para o ego, é melhor receber esse tipo de 
atenção negativa do que nenhuma atenção.
Inconscientemente, a criança que não é elogiada sabe que basta fazer 
algo tido como “errado” que logo receberá a atenção de algum adulto. Não
 é proposital. Ela é levada por um impulso interior a cometer algo para 
receber atenção. Como as ações positivas não estão gerando qualquer tipo
 de reconhecimento, ela automaticamente se condiciona a agir de forma 
negativa e acaba conseguindo ser reconhecida.
Por isso é que a melhor forma de transformar o comportamento das 
crianças é elogiar cada vez mais tudo de bom que elas fizerem e ignorar 
seus comportamentos negativos. O ego então entende que, para ganhar 
atenção, é melhor tomar atitudes que os adultos gostam e que ações 
negativas não trazem esse benefício. Com o passar do tempo, a criança 
passa a agir de forma cada vez mais positiva (desde que os adultos 
estejam sempre elogiando e reconhecendo) e vão abandonando os 
comportamentos negativos.
Mas não é assim que a maioria dos adultos age. Normalmente, o padrão é
 o de elogiar pouco e criticar bastante, o que acaba reforçando os 
comportamentos negativos.
Esse mesmo mecanismo de reconhecimento explica o que atrai as pessoas
 para o crime nas comunidades. Como alguém pode se sentir atraído por 
coisas tão negativas, com tantos riscos e sofrimento? Crianças e 
adolescentes sentem-se ignorados, e sentindo esse vazio interior, acabam
 indo buscar no crime o reconhecimento que necessitam. Mesmo que sejam 
vistos como marginais por muitos, ainda assim, estão tendo a sua 
existência reconhecida. Para o ego, isso é melhor do que a indiferença, 
por mais estranho que pareça.
Às vezes, o governo implanta programas sociais nas áreas carentes e 
essas pessoas agora têm a chance de ser reconhecidas de uma forma 
positiva: praticando esportes, estudando para ser “alguém” e ter uma 
profissão. Assim, muitos vão largar a delinquência e outros deixarão de 
entrar nela porque agora há outra possibilidade muito melhor de ganhar 
reconhecimento.
Mas a necessidade de reconhecimento não se aplica somente às crianças
 e adolescentes. Ao nos tornarmos adultos, deveríamos nos sentir cada 
dia mais livres desta necessidade. Para alguns, há realmente uma 
diminuição, mas outros continuam tão necessitados de reconhecimento como
 as crianças. Esse padrão acaba levando ao sofrimento, pois o bem-estar 
fica dependendo da apreciação de terceiros: chefe, marido, esposa, pais,
 amigos etc. E, logicamente, nem sempre as pessoas irão nos elogiar, 
reconhecer e nos dar atenção.
Podemos abrir mão, conscientemente, dessa necessidade todas as vezes 
que a detectarmos. É preciso se auto-observar, ficar bastante atento e 
reconhecer que nada de mau nos acontece se não formos reconhecidos. É 
apenas uma necessidade emocional infantil enraizada.
Quanto mais abandonarmos essa necessidade, mais adultos nos 
tornaremos. Nossos relacionamentos melhoram, pois ficaremos mais em paz e
 nesse estado deixaremos de criar conflitos de forma inconsciente. O 
mais curioso é que haverá uma tendência de que as pessoas venham a nos 
dar atenção, nos elogiar e reconhecer. Mas agora você já não é mais 
dependente disso para ser feliz e não está fazendo coisas no intuito de 
ganhar atenção. Poderá, então, curtir o reconhecimento sem o lado ruim 
que é a necessidade interior. Ou seja, quando você for reconhecido será 
prazeroso, mas a falta do reconhecimento não trará qualquer tipo de 
sofrimento.
Quando temos a necessidade de reconhecimento, o prazer provocado pela
 atenção e elogios é, em parte, uma falsa satisfação. Parte desse prazer
 é, na verdade, o encobrimento de um sofrimento oculto, que é a 
necessidade. Esse tipo de prazer se assemelha ao de uma pessoa 
compulsiva por comida (ou qualquer tipo de vício) quando está se 
alimentando.
Vamos supor um chocólotra. Ao comer o chocolate ele sente um prazer 
enorme. Logo esse prazer passa e ele precisará de mais chocolate para se
 sentir bem. Mas por que é que ele necessitou a princípio do chocolate? 
Uma inquietação interior a qual chamamos, normalmente, de ansiedade se 
manifestou gerando uma busca por alívio. No caso do chocólotra, ele irá 
buscar na sensação de prazer de comer o chocolate o alívio passageiro 
para sua inquietação. Comer chocolate, então, não é assim um prazer tão 
real, pois está atrelado a uma dependência que traz alívio de um 
sofrimento. Uma pessoa que não tenha essa dependência poderá curtir um 
chocolate de forma verdadeira, sem o lado ruim da necessidade. E, nesse 
caso, ela irá se sentir saciada com uma pequena quantidade que se for 
ultrapassada acabará causando enjoo.
Fazendo mais uma comparação. Imagine alguém que compre sapatos muito 
apertados. Ao chegar em casa, sente um alívio e um prazer enorme ao 
tirá-los dos pés. Mas não seria melhor andar com sapatos mais 
confortáveis? “Não, assim eu não teria o prazer de sentir o alívio ao 
ficar descalço”. Alguém pode pensar dessa forma, mas é algo certamente 
insano.
O sentimento de necessidade de reconhecimento é mais ou menos como a 
sensação do sapato apertado que precisamos aliviar de vez em quando 
recebendo atenção de alguém. É uma prisão emocional. Podemos usar a EFT 
para nos libertamos.
 Ao mesmo tempo em que você decide abandonar a necessidade de ser 
reconhecido, adote o hábito de elogiar e reconhecer as outras pessoas: 
filhos, amigos, funcionários, cônjuge etc., e observe as atitudes das 
pessoas melhorarem cada vez mais no relacionamento com você. Abandone 
também as críticas e veja as mudanças positivas que isso irá trazer.
 Fonte: André Lima, via 
EFT