“And so I ask myself: 'Where are your dreams?' And I shake my head and mutter: 'How the years go by!' And I ask myself again: 'What have you done with those years? Where have you buried your best moments? Have you really lived?" Fyodor Dostoyevsky, White Nights

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Bons alunos, pouco sexo

"Há poucos dados sobre o assunto, mas o que consegui apurar é suficiente para me levar a crer que a crise na zona euro tem muito a ver com falta de sexo.


No estudo "Smart teens don't have sex (or kiss much either)", Halpern CT, Joyner K Udry JR e Suchindran C mostram correlações entre o QI dos adolescentes e a virgindade.

No estudo, cerca 70% dos adolescentes com QI acima dos 110, eram virgens, contra 58% dos que tinham QI entre 90 e 110 e 50% dos que tinham QI entre 70 e 90. Curiosamente, nos QI abaixo dos 70 o número era também de 70%. Ou seja os mais inteligentes e os menos inteligentes partilhavam a mesma ausência de comportamento sexual durante a adolescência.

Esta tendência parece continuar durante a universidade segundo um estudo do MIT. Enquanto 87% da população universitária nos EU já teve relações sexuais aos 19 anos, nas escolas de elite os números são muito mais baixos; no MIT, por exemplo, só 51% da população escolar não é virgem, e apenas 35% dos que acabam o curso teve relações sexuais: 65% dos economistas, 73% dos graduados em Ciência Política e 83% dos matemáticos do MIT acabam os cursos sem saber o que é bom.

É gente assim, nos Estados Unidos como aqui na Europa, que depois se senta nas administrações dos bancos, das maiores empresas, dos governos e nas altas instâncias da União. Uma gente inteligente e disciplinada, mas que teve pouco ou nenhum sexo durante a juventude; o que é preocupante.

Ser bom aluno, e ter média superior a 17 em universidades sérias, só é possível com uma fanática dedicação ao trabalho e uma reclusão quase absoluta e incompatível com a vida social necessária ao sexo a dois e de borla. Para ser muito bom aluno é preciso optar entre o estudo e a sociabilidade, entre a noite a queimar pestanas e a noite a queimar neurónios, entre a bibliografia aconselhada e actividades absolutamente desaconselhadas, entre a irmã da canhota e a Carlota.


O problema não é a falta de sexo, embora a produção de hormonas que lhe está associada seja consensualmente considera benéfica para a saúde mental, o problema é a falta de interacção social. O sexo resulta de relações sociais: de ouvir, dizer piadas, conversar. O sexo resulta da sedução que resulta da compreensão: de entender os outros, de saber como lhes chegar, em que botões tocar; resulta do aprender os outros.

Os muito bons alunos, os que passam os anos da juventude em clausura, os que desprezaram a interacção social, não aprenderam os "outros". Os "outros" que conhecem são dados estatísticos ou, quanto muito, caricaturas que ilustram os dados. Ora é com este conhecimento caricatural do que é uma pessoa, que estes bons alunos depois decidem.

A crise de 2008 resultou de más práticas de bons alunos; o BES e a PT (entre outros) estavam cheios de bons alunos; o Eurogrupo, o FMI, os Bancos Centrais são o Olimpo dos bons alunos. Deve haver uma correlação entre os males do mundo e a falta de sexo dos bons alunos."

Pedro Bidarra - Dinheiro Vivo

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Acerca de mim

London, Harrow, United Kingdom