Por Daniela Ávila Malagoli
Você
já ouviu falar em Alexitimia? O termo provém do grego, e significa A =
ausência; lei = palavra e thymos = emoção ou sentimento. Mesmo o
conceito sendo recente, (Sifneos, 1973), na década de 1940 esse
distúrbio já era estudado por neurocientistas e pesquisadores. Trata-se
da dificuldade ou mesmo ausência de expressão de sentimentos e emoções;
isto é, os alexitímicos não identificam suas emoções e acabam por reagir
com sintomas físicos, como dores e taquicardia. A alexitimia constitui,
dessa forma, grande dificuldade para usar uma linguagem apropriada para
descrever os sentimentos e emoções, além de uma capacidade de
imaginação e fantasia pobre.
A alexitimia é mais comum do que parece
Estimativas
americanas recentes mostram que, a cada sete pessoas, ao menos uma, em
geral, homem, possui sintomas desse transtorno. Reportagem de 2013 sobre
o assunto publicada na Revista “Mente Cérebro” mostra que, geralmente,
indivíduos com esse distúrbio são mais fechados, racionais, frios e
indiferentes. O que acontece é que o indivíduo não sabe lidar com os
sentimentos e emoções, assim ocorre um desvio para os sintomas físicos,
que se manifestam por meio de dores no estômago, cabeça, dentre outros.
Em geral, a pessoa entra em desespero, se perguntando “o que há de
errado comigo?”.
Diversas pesquisas
têm sido feitas para descobrir a causa da Alexitimia. As descobertas
associam o distúrbio a traumas neurológicos, defeitos na formação
neurológica, influências sócioculturais, traumas na formação
infanto-juvenil, dentre outras causas. Além disso, existem vários
métodos para identificar e medir esse distúrbio, dos quais o mais
utilizado é a Escala de Alexitimia de Toronto, com 20 questões
específicas.
Pesquisas buscam entender como o cérebro processa as emoções
Outros
estudos têm se dedicado a descobrir de que maneira as emoções são
processadas no cérebro. Em termos gerais, “para um sentimento ser
percebido de forma consciente, primeiro é preciso que o córtex frontal
(lobo frontal) analise as informações enviadas pelo sistema límbico”
(Reportagem da Revista Mente Cérebro).
Estudos
do Instituto Mutualiste Montsouris também demonstraram que os dois
hemisférios cerebrais de pacientes com esse transtorno trabalham de
maneira precária. Por meio de exames de ressonância magnética,
realizados em 16 pacientes (oito pessoas de controle e 8 com sintomas do
distúrbio), foi observado que a região do giro do cíngulo anterior
(pertencente ao sistema límbico) trabalhava de maneira mais intensa do
que a mesma região em pessoas sadias, quando submetidos a imagens
positivas. Quanto àquelas negativas, não houve alterações na região
cerebral dos alexitímicos.
Há
hipóteses que sugerem que as sinapses neuronais são construídas e passam
por diversas modificações: são moldadas, atenuadas, podadas, aguçadas,
de acordo com as experiências cotidianas, de modo a construir os
processos de identificação e reação ao mundo exterior. Assim, várias
dessas conexões, segundo pesquisas, precisam ser aprendidas na infância,
para que se desenvolva uma vida adulta normal, do ponto de vista
emocional.
A alexitimia pode estar ligada a outras doenças
A
alexitimia também pode estar ligada, conforme estudos, a outras
doenças, como câncer, hipertensão e doenças psicossomáticas. Além disso,
os alexitímicos também estão associados a pessoas com transtornos de
personalidade e vícios como alcoolismo, uso abusivo de drogas e
desordens alimentares.
Pesquisas à
parte, fato é que a descoberta dos sentimentos e emoções faz parte de um
processo de aprendizagem, por meio de aparatos cerebrais, desenvolvido
pelo ser humano desde o momento do seu nascimento. O caminho para o
controle e a possível cura da Alexitimia é a busca por um especialista,
para que seja feita uma análise e um treinamento emocional do indivíduo.
Sem comentários:
Enviar um comentário