por Professor Felipe de Souza
1) Todos os começos são difíceis
Esta frase foi atribuída à sabedoria de
Confúcio. Bem, não saberemos ao certo. Mas é uma boa frase para começar.
Para mim, não foi fácil começar a faculdade de psicologia, por questões
familiares e não foi fácil começar minha carreira profissional. O
começo de uma terapia também, em geral, não é fácil. As pessoas fazem de
tudo para não olharem para si mesmas. Sabiam que uma pessoa comum
assiste em média, ao longo de sua vida, a 13 anos de TV? Sim, 13 anos
sentando em frente a uma televisão!
Mas voltando, o começo de uma terapia,
na verdade, tem início um tempo antes de começar. Quer dizer, começa
antes internamente, nos conflitos que não foram resolvidos, nos
sofrimentos que foram abafados, nos desejos incontroláveis.
2) A adaptação é necessária
Depois que se começa, o que é iniciado
é, por definição, algo novo. Embora o novo possa ser sentido como uma
repetição do que já passou, em outro cenário, ele exige mudança, exige
adaptação. Se não há uma nova adaptação, fica-se no que já passou ou
volta-se para trás, como um caranguejo temeroso. O que não quer dizer
nada, sempre quer dizer qualquer coisa e nos interstícios, nos
silêncios, nas interrupções, nos erros, os significados vão surgindo, se
transformando, tomando outra forma. Mas uma condição fundamental para
enfrentar o que surge e o que ressurge é aceitar o paradoxo de que a
mudança passa pela aceitação do que se quer mudar.
3) A mudança vem da aceitação
Se alguém quer mudar um problema, uma
dificuldade, um sinto-mal do qual clama e re-clama, se quer mudar mesmo,
de verdade, tem que, em primeiro lugar, aceitar que há um problema, que
há uma dificuldade, que há um mal-estar, um sintoma, uma dor ou o que
seja. Até para adquirir uma nova habilidade, como se pode conseguir, se
não se aceita a falta, o erro, o empecilho?
Por exemplo, se eu sou péssimo em
matemática, como vou desenvolver a minha habilidade se eu não aceito que
sou péssimo em matemática? E aí que surge o paradoxo da mudança: só se
faz possível mudar ao aceitar, de coração, que é preciso mudar.
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